Minha vida é feita de recomeços. Sempre foi. Fiz um mapa
astral certa vez e descobri que, além de se tratar dos desígnios celestiais
pré-traçados, tinha a ver com o meu nome também. Renata = renascida, ou: aquela
que renasce. Nunca imaginei, no entanto, que teria, ainda, uma carga genética
nessa minha, digamos, característica.
Muitas vezes a gente tenta entender o porquê de determinadas
coisas acontecerem. Por que somos escolhidos, de alguma forma, para passar por
barras mais pesadas que outras pessoas, ou, ainda muito pior, por que gente que
amamos mais do que a nós mesmos tem que sofrer com essa escolha inapropriada
feita por sei lá quem? Tenho me feito essa pergunta todos os dias e sinto que
nunca vou encontrar a resposta. Entre aprender o que esse sofrimento todo tem
imposto e permanecer na ignorância do que, de fato, importa na vida, preferia,
muito sinceramente, me manter inocente. Não por mim, mas por ela.
Ver quem a gente sempre protegeu e amou sofrendo, lutando,
sentindo dor e não poder fazer nada além de pegar um remédio, dar um abraço,
contar uma piadinha besta é de uma sensação de impotência absurda. É como, de
uma hora pra outra, não ter os dois braços, é um aleijamento, uma incapacidade
quase física. Ao mesmo tempo, é um aprendizado absurdo e inerente a tudo o que
estamos passando.
Aprender, basicamente, a dar valor ao que interessa. E, mais
que isso, entender que não importam muito os motivos que levaram tudo a
acontecer, mas que união, amor e fé independem de razões mesmo. Não há o que
racionalizar porque estamos aqui pra sofrer, lutar e sentir essa dor juntas. Porque
é disso que é feito o amor e é esse o sentimento que nos move.
Renasço amanhã. Ou melhor, a partir de amanhã. Na realidade,
fisicamente, quem renasce é ela. E é reviver mesmo, apagar o que passou, Lacuna
Inc., control alt del.
É tudo novo de novo.