terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sobre mim mesma

Uma peça de encaixe. Não dessas tipo lego, que são todas iguais e só mudam a cor. Imagina assim, um quebra-cabeças de várias dimensões. Melhor ainda, uma engrenagem. Peças que juntas - e isso não significa exatamente coordenadas - vão formando uma coisa maior. Vou chamar de coisa, mas não é pejorativo, acho, é apenas porque ainda não sei no que elas vão se transformar, só sei que viram algo (na realidade, espero que sim). 
Agora me veio à cabeça que poderiam se tornar uma casa. Uma base sólida, retangular, paredes firmes e um telhado para proteger. Mas aí essa que descreve não seria eu. Não seria. Tô à deriva, lembra? Procurando terra firme. 
Aliás, que clichê eu sou, o nome do meu CD favorito. Na realidade, nem isso, sou apenas um amontoado de frases feitas, uma coisa pequena e pouca, aquela peça de encaixe que, sozinha, é somente nada. Desimportante e só, me transformo em coisa nenhuma. E não tô dizendo pra terem pena, não (ainda que esteja bem digna de sentimentos menores por esses tempos). 
Desembaçando a vista, sou um barco velho. Certo, encontrei a imagem que eu estava buscando. Não desses bonitos, imensos que comportam muitas pessoas e vão pros lugares mais distantes e concorridos. Sou de madeira boa ainda (ao menos isso, não é mesmo?) e em mim cabem uns bem poucos. E já que é assim, não se venha fingir de meu tripulante, por favor. Seja digno do pouco que tenho a oferecer e não te desfaça do que te parece nada. 
Enxergue. Tenha bons olhos de apreciar o que pode haver de bonito nos sentimentos, nem tudo que é palpável é real. E, invertida, essa frase fica ainda igual. Não me esqueça. Ou melhor, me esqueça, e faça isso por mim.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Do que restou (ou: um quase plágio)

todos os posts daquele blog desarrumado
as notícias em primeira mão sem destinatário
duas cartas sem selo que não serão enviadas
um livro pela metade
uma pseudo-escritora sem inspiração
a sensação de entrega plena ao total desconhecido
um ou dois egos esvaziados
o nó na garganta
a segundite maldita
a certeza de que poderíamos ser mais, quem sabe um dia
uma saudade sem limites
essa dor que não para de crescer
o maior e mais difícil amor que já pensei em ter