quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Da falta

O que falta é o toque. É o que é visível, palpável, palatável. Falta o som das risadas. O balançar das cortinas no sábado de manhã, procurando o que fazer para aproveitar melhor o fim de semana.
Falta o beijo de todo dia antes de sair pro trabalho, mesmo quando a gente brigava e você ficava sem falar comigo. Falta o eu te amo no fim de toda e qualquer ligação que fazíamos uma pra outra. Sem aqueles eu te amos, nenhuma existência fazia sentido.
Talvez agora não faça mesmo.
Falta o silêncio cúmplice das tardes de domingo, enquanto você me ajudava a programar a próxima semana.
Falta o seu tempero na comida, o gosto daquilo que só você sabia fazer. O feijão com louro e linguiça, o peixe à brasileira com azeite de dendê e leite de coco, a língua com milho verde e nunca ervilha, o bacalhau cheio de azeitona que eu sabia que você fazia pra me irritar, só podia.
Faltam as suas broncas, suas exigências, sua preocupação com a minha aparência e sua certeza de que eu conseguiria tudo que eu quisesse e que tudo ficaria bem.
Falta, acima de tudo, o amor palpável, aquele que extrapola o sentimento e se traduz em atitudes positivas e diretas.
Ainda não adianta pensar que você olha por mim de onde está (e eu sei que sim). Tudo o que sinto é a falta exatamente de te sentir fisicamente aqui comigo. Dizem que isso passa, que a dor diminui, que vira uma saudade bonita.

Um dia, quem sabe. Por enquanto, ainda é tudo dor.

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