E, nessa mudez, vou encolhendo, me escondendo, camuflando, guardando tanto pra mim (e de mim) que uma hora transbordo. E o transbordo, no geral, tem o efeito contrário ao que eu pensava desejar. De uma hora pra outra, fico nua, viro água cristalina num rio estranhamente calmo e fértil.
Esse refúgio, oásis de ar puro e leve que aparece de tempos em tempos, impede o gatilho da implosão, afasta a faísca do gás, arranca (com uma fina ironia) o oxigênio do ar.
Diante disso, me resta o ser, o estar e, principalmente, o dizer. Sem precisar muito entender, mesmo porque se decifrar demais deve ser dos mais pesados fardos a se carregar.
Prefiro manter a leveza dos apesares, essa que renasce a cada gesto sincero de quem se propõe a estender a mão e enxergar com os melhores olhos tudo o que sempre esteve aqui, dentro de mim.
E que transborda de quando em quando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário