Desce da barca. Continua falando. Falar pelos dedos é o que mais faz. Melhor do que pronunciar e se ouvir dizer o que verdadeiramente a apavora. Esconde ali, enquanto desabafa por caracteres, o que a aflige. Toma o ônibus. Dessa vez rindo, os olhos semifechados, ainda inchados da angústia incontida da tarde. Às vezes é impossível ser forte mesmo, aguenta, tenta, já você consegue de novo. Se diz. E avança. Opa, aonde você foi parar, que lugar é esse. Ta louca. Ri, ri muito de si mesma. Olha pela janela e pensa se vai ter coragem de descer no meio do nada, parece hostil. Mas é brava, quantas vezes já se embrenhou e desbravou o desconhecido, vai ter medinho agora. Não vai, nunca foi dessas. Desce de novo. Se concentra e procura nomes familiares. Encontra, sem certeza. Arruma a convicção. Finge segurança e anda.
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